Criar arte a partir de lixo é possível e as potencialidades são enormes, como nos prova o português BordaloII, entre outros. Os objectos utilizados têm uma história e, conjugados, constroem uma nova narrativa. Assim acontece, também, com a obra “Raiz com Alma”, patente no largo do Centro de Artes de Águeda (CAA).
Em Janeiro de 2013, um violento temporal arrasou o Parque da Alta Vila, no centro da cidade. Entre os destroços das muitas árvores que caíram, estava o tronco de um cedro, que, agora, renasce como uma peça de escultura, trabalhada pelas mãos do renomado escultor Paulo Neves.
“Lançámos o desafio ao Paulo Neves de encontrar a energia desta árvore e perpetuar esta raiz”, referiu o Presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, no momento de recepção da peça, no dia 1 de Outubro, acrescentando que esta vai ficar exposta junto ao CAA até que estejam concluídas as obras “que estão a ser ultimadas” no Parque da alta Vila. O autarca adiantou que a “magnífica peça” vai ficar instalada “num local distinto, num verdadeiro memorial a todas as árvores que caíram naquele temporal”.
A obra “Raiz com Alma” pesa cerca de duas toneladas e a sua criação demorou cerca de um mês. “Foi um prazer enorme trabalhar esta árvore”, confessou Paulo Neves, que se dedica a esta actividade há quatro décadas e tem trabalhos espalhados pelo mundo, o mais recente na Tailândia.