O dia 8 de Janeiro de 2021 ficará para sempre na nossa memória! Foi o dia em que descobrimos que um “fantasma” nos assolou, entrou, repentinamente, na nossa Instituição, alterou rotinas, modos de actuação, comportamentos.
Sentimos medo? Sim. Todavia, perante esta adversidade e num tempo de incertezas o mais importante foi não vacilar. Afinal de contas os nossos utentes dependiam da nossa determinação.
De imediato foi accionado o Plano de Contingência, e encetou-se a luta contra o “inimigo invisível”, que dia após dia fomos vencendo, com as dificuldades inerentes a este processo, reorganizando e reajustando procedimentos.
A nossa principal prioridade sempre foi o bem-estar e a saúde dos nossos utentes assim como a segurança e protecção das nossas equipas. Para os utentes, já agastados com dez meses de sofrimento com o confinamento, com a ausência da presença física das famílias, dos seus afectos, mimos, carinhos, a doença (Covid), surgiu com aparentes sintomas ligeiros, mas com o passar do tempo foi deixando a sua malévola marca.
Tudo fizemos para minimizar os efeitos deste surto, contudo, temos de lamentar perdas irrecuperáveis de utentes, cujos rostos, vivências, gestos, sorrisos, histórias de vida, farão sempre parte da memória de quem deles cuidou, e neste aspecto, estamos unidos no luto às famílias abrangidas.
A pouco e pouco, sempre em estreita articulação com as autoridades de saúde, Segurança Social e responsáveis da Protecção Civil concelhia, fomos conseguindo controlar o surto e conseguimos ultrapassar a fase crítica (o surto está oficialmente extinto). Caminhamos no sentido da normalidade, mas ainda a aguardar a toma das vacinas para os utentes e colaboradoras alvo da doença.
Chegar até aqui só foi possível com o abnegado esforço de muitos e preciosa colaboração de tantos outros. É justo realçar alguns destes apoios/colaboração (sobretudo institucionais), sem prejuízo de referir muitos pequenos gestos e manifestações de apoio e carinho recebidos de sócios, amigos e comunidade.
-Às nossas colaboradoras incluindo naturalmente o staff técnico e administrativo, que tão dedicadamente têm desempenhado as suas funções num ambiente de stress e responsabilidade acrescidos, muitas vezes em detrimento da vida pessoal e familiar, e que nunca descuidam os seus afazeres e cuidados para com os nossos utentes.
– Às famílias dos nossos utentes que, sempre informados sobre o estado de saúde dos seus familiares, têm demonstrado toda a compreensão apesar do sofrimento causado pelas restrições e ausência de contacto mais próximo;
– Aos voluntários da Associação “Portugal ComVidas”, por toda a ajuda, jovialidade e boa disposição que trouxeram a esta casa;
– À Segurança Social (núcleo de Viseu) que assegurou via Cruz Vermelha a intervenção e permanência de 2 elementos durante 15 dias das denominadas BIR (Brigadas de Intervenção rápida);
– À disponibilização de psicólogas por parte da Câmara Municipal de Vouzela e da ASSOL e ainda a título particular a Dra Tânia Figueiredo;
– À nossa médica a Dra Helena Sousa pelo incansável apoio muito para além das nossas solicitações;
– À equipe externa de enfermagem que nos apoiou nesta fase tão sensível, com especial gratidão para os profissionais com ligação a Cambra (Lurdes Aidos e Pedro Tojal) e ainda a enfermeira Helena Gonçalves do Hospital de Viseu, que o fizeram a título gratuito. De salientar também a colaboração da Santa Casa de Misericórdia de S. Pedro do Sul na pessoa do seu Provedor, Dr. João, nomeadamente na cedência a título gracioso de uma enfermeira.
A todos e todas o nosso enorme Bem Hajam.