VOUZELA, 12 de Dezembro de 2024
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Desassossego! Não se Conseguir Concentrar Ou A Impossibilidade de Estar Quiet@

1 de Abril 2023

O Défice de Atenção é uma das mais frequentes perturbações que ocorrem em contexto escolar. E de uma maneira objetiva, pode ser definido como um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere com o funcionamento ou desenvolvimento. Pode ser compreendido em dois domínios principais:

 

  1. Ao nível da Desatenção: são crianças que frequentemente falham em dar muita atenção aos detalhes ou cometem erros por descuido em trabalhos escolares, no trabalho ou durante outras atividades (por exemplo, negligência ou perdem detalhes, com trabalhos imprecisos). Frequentemente têm dificuldade em manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas (por exemplo, dificuldade em manter o foco durante palestras, conversas ou leituras longas). Frequentemente parecem não ouvir quando se fala diretamente para elas (por exemplo, a mente parece estar noutro lugar, mesmo na ausência de qualquer distração óbvia). São também crianças que frequentemente não seguem as instruções e não terminam os trabalhos escolares, as tarefas ou os deveres no local de trabalho (por exemplo, iniciam tarefas, mas rapidamente perdem o foco e este é facilmente desviado). Também são crianças que frequentemente têm dificuldade em organizar tarefas e atividades (por exemplo, dificuldade em gerir tarefas sequenciais; dificuldade em manter materiais e pertences em ordem; trabalho desorganizado; fazem uma má administração do tempo; e falham em cumprir prazos). Frequentemente evitam/ não gostam de se envolver em tarefas que exijam esforço mental (por exemplo, fazer trabalhos escolares ou deveres de casa. Quando se trata de adolescentes mais velhos e adultos – a preparação de relatórios, o preenchimento de formulários, ou a revisão de documentos extensos). Um outro aspeto, é que, frequentemente, perdem coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo, materiais escolares, lápis, livros, ferramentas, carteiras, chaves, papelada, óculos, telefones celulares). Por último, e no que à desatenção diz respeito, são facilmente distraídos por estímulos estranhos (para adolescentes mais velhos e adultos, podem incluir pensamentos não relacionados).Isto faz com que muitas vezes se esqueçam de atividades diárias (como por exemplo, fazer recados; e no que diz respeito a pessoas idosas, adolescentes e adultos, pode ser devolver chamadas telefónicas, pagar contas ou marcar consultas).

 

2 – Ao nível da Hiperatividade e Impulsividade: são crianças que frequentemente mexem ou batem com as mãos ou pés ou se contorcem na cadeira. Frequentemente, abandonam o lugar em situações em que se espera que permaneçam sentados (por exemplo, abandonam seu lugar na sala de aula, no escritório ou outro local de trabalho, ou noutras situações que exijam a sua permanência no local). São crianças que frequentemente correm ou escalam em situações onde é inapropriado. Um outro aspeto que as pode caracterizar é que, muitas vezes, são incapazes de brincar ou de se envolverem em atividades de lazer num registo silencioso. Muitas vezes estão “em movimento”, agindo como se estivessem “movidas por um motor” (por exemplo, são incapazes de ficar paradas ou ficam desconfortáveis por muito tempo, como em restaurantes, reuniões; podem, por isso, ser percebidas pelas outras pessoas como sendo inquietas ou difíceis de acompanhar). Muitas vezes falam excessivamente, e frequentemente deixam escapar uma resposta antes que uma pergunta seja concluída (por exemplo, completam as frases das pessoas; não podem esperar pela vez na conversa). São crianças que, habitualmente, têm dificuldade em esperar pela sua vez (por exemplo, enquanto esperam na fila). Isto faz com que, frequentemente, interrompam ou se intrometam com outras pessoas (por exemplo, intrometem-se em conversas, jogos ou atividades; podem começar a usar as coisas de outras pessoas sem pedir ou receber permissão).

 

Os vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (por exemplo, em casa, na escola ou no trabalho; com amigos família; ou noutras atividades). Esta sintomatologia interfere ou reduz a qualidade do funcionamento social, académico ou ocupacional.

 

Em termos de temperamento, estas crianças apresentam níveis mais baixos de inibição comportamental, de controlo à base de esforço ou de contenção, tendo também níveis maiores de afetividade negativa e/ou revelando frequentemente uma maior busca por novidades.

Vários estudos têm constatado que esta perturbação é frequente em parentes biológicos de primeiro grau com a mesma sintomatologia. E este aspeto torna-se particularmente importante na medida em que mães e pais, com défice de atenção/hiperatividade não diagnosticado, muitas vezes se veem sobrecarregados pelas exigências dos seus papéis de pais e lutam para responder às necessidades dos seus filhos. Com falta de competências de organização, eles podem considerar extremamente desafiador acompanhar os horários dos seus filhos e gerir o seu comportamento. Mas, no caso das mães, em particular, é mais provável que elas sejam tratadas para depressão do que para o défice de atenção/hiperactividade.

 

Vários estudos mostram que a intervenção para crianças com défice de atenção/hiperatividade tende a ser menos eficaz quando um pai cuidador também tem a mesma perturbação. O tratamento medicamentoso requer muita organização dos pais para marcar consultas, aviar prescrições, garantir que as crianças tomem os seus remédios e monitorizar efeitos colaterais, e o tratamento da criança é menos eficaz se o cumprimento do regime de tratamento não for consistente. Da mesma forma, o tratamento comportamental para crianças com défice de atenção/hiperactividade também é menos eficaz quando os pais têm a mesma perturbação.

 

Esta perturbação tem de facto um impacto significativo em várias dimensões da vida das crianças e pode constituir-se, também, como um desafio impactante, na vida das pessoas adultas que com elas se relacionam, no entanto, será sempre do esforço partilhado e da comunicação eficaz entre Escola e Família que poderão ser construídos percursos comuns que conduzam ao sucesso académico e ao bem-estar destas crianças.

 

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