VOUZELA, 18 de Janeiro de 2025
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Nuno Campos

Guaxinim: o Invasor Americano

12 de Março 2020

O guaxinim (Procyon lotor) é um carnívoro de porte médio nativo da América do Norte e Central, mas que apresenta populações introduzidas em várias regiões do mundo, inclusivamente na Europa, Rússia e Japão. Na Península Ibérica, existem populações estabelecidas e reprodutoras em várias regiões de Espanha, particularmente no centro do país, tendo sido recentemente detetada a sua presença pontual em Portugal. Nas regiões onde é introduzido, como resultado de fugas acidentais ou propositadas de cativeiro, esta espécie invasora apresenta vários efeitos negativos sobre a fauna nativa, através de predação (e.g. sobre roedores, anfíbios e aves nidificantes no solo), competição (e.g. com outros mesocarnívoros) e como reservatório de doenças parasitárias, incluindo um nematode fatal ao ser humano. Populações introduzidas de guaxinim constituem, assim, um risco para a biodiversidade nativa e a saúde pública.

 

Legenda: Fotografias de guaxinins, suas pegadas e dejectos (Copyright © Jorge F. Layna)

Esta espécie ocorre num largo espetro de habitats, desde que haja presença de água, como margens de rios e ribeiros, pantanais e até mesmo zonas costeiras. Habitam preferencialmente zonas com galerias ripícolas bem desenvolvidas, utilizando árvores de grande porte e ocas como locais de refúgio. É uma espécie com elevada capacidade de adaptação, podendo mesmo coexistir com populações humanas em áreas urbanas. Apesar de ser um carnívoro, comporta-se geralmente como um omnívoro oportunista, alimentando-se de frutos, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aves, micromamíferos e até de lixo humano, apresentando uma enorme plasticidade na sua dieta. Na Península Ibérica a sua principal presa parece ser o lagostim-vermelho (Procambarus clarkii), também uma espécie invasora, embora o guaxinim possa consumir uma grande variedade de outras presas, incluindo muitas espécies nativas e ameaçadas. Estão ativos maioritariamente durante o período noturno, embora na Primavera apresentem maior atividade, pois é a época de reprodução e acasalamento da espécie. Durante o Verão e Outono estão também bastante ativos, procurando acumular reservas para sobreviver durante o Inverno, quando o alimento é mais escasso.

 

Nuno Campos

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