“Trata-se de uma mais-valia enorme para a região Centro”. Foi com estas palavras que a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Isabel Damasceno, destacou a importância da Zona de Fruição Ribeirinha (ZFR) de Sejães, inaugurada esta quarta-feira, numa cerimónia que contou com a presença, entre outros, do presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira, dos presidentes de junta da maioria das freguesias do concelho e do líder do Turismo do Centro, Pedro Machado.
A responsável enalteceu aquilo que considera ser uma “intervenção extraordinária”. “O ambiente natural e o espaço era por si muito bonito”, mas “nota-se aqui que houve amor à intervenção”, referiu, sublinhando que há uma grande diferença “quando a coisa é feita com amor e conhecimento de causa ou quando é encomendado um ‘pronto a vestir'”.
“Acho que é um dia importante para si”, disse, dirigindo-se a Paulo Ferreira, “porque ultrapassou aqui muitas vicissitudes, fez um trabalho excelente e aqui está o resultado”.
Isabel Damasceno alertou ainda para a necessidade de ter em atenção “quem cá vive” e manifestou o desejo de que o espaço de lazer “seja usufruído pela população, em primeiro lugar” e “que seja um ponto de atractividade para este território aqui à volta, tão rico”.
“Oliveira de Frades está bem representado neste espaço”
Antes, o presidente da Câmara destacou que “Oliveira de Frades está bem representado neste espaço”, entendendo que este dignifica não apenas o concelho e a região, mas todo o país, e realçou “o cunho pessoal e o gosto” de quem esteve envolvido na sua concretização.
“Apetecia-me ter aqui todos os colaboradores que dele fizeram parte”, confessou o autarca, notando que “eles foram a pedra basilar para a excelência final”.
Paulo Ferreira quer que todos desfrutem da ZFR e que esta “seja sempre um espaço de confluência de todos os oliveirenses, de todos os cidadãos de Portugal e de quem nos visite”.
“Atrair novos mercados e novos investidores”
Já o presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, enalteceu o que disse ser “um sítio magnífico” e deu os parabéns aos responsáveis pelo projecto, prometendo que “iremos [Turismo do Centro] fazer a nossa missão, que é contribuir para que ele seja bem promovido”.
Para o responsável, a Zona de Fruição Ribeirinha de Sejães vai ajudar a “atrair novos mercados e novos consumidores”, numa altura em que a pandemia de Covid-19 “abriu uma janela para hoje termos os nossos turismos rurais, os nossos turismos de aldeia, provavelmente com maiores taxas de ocupação e reserva do que temos por exemplo nos circuitos urbanos”.
Concordando com as palavras de Isabel Damasceno, Pedro Machado reforçou a ideia de que o espaço tem de contribuir “para a satisfação e felicidade daqueles que cá trabalham e cá moram o ano inteiro”, acrescentando que “o turismo tem que significar isso, também: tem que ser uma ajuda para aumentar o grau de satisfação e de felicidade das pessoas que cá estão o ano inteiro”.
O dirigente apelou ao esforço de todos, entidades públicas e privadas, na atracção de turistas para o Centro de Portugal, e lembrou que ainda recentemente o jornal britânico The Guardian destacou a região como “um dos dez sítios incontornáveis a visitar em 2020”.
Aberta de terça a domingo
A cerimónia de inauguração da Zona de Fruição Ribeirinha de Sejães começou com um brinde no miradouro criado propositadamente para o espaço. Seguiu-se o descerramento da placa, a bênção da ZFR pelo padre Paulo Vicente e a visita à área de lazer, que incluiu a projecção de um pequeno vídeo no local que vai acolher o futuro centro interpretativo, junto ao bar, dando a conhecer algumas riquezas da fauna do rio Vouga e vários elementos ligados ao património local.
A sessão, que terminou com um almoço volante, contou com a presença de várias outras personalidades da região, como o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, Rogério Abrantes, do presidente da delegação de Viseu da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Jorge Loureiro, e de dois membros da EDP: Jorge Mayer, Responsável pela área de gestão dos stakeholders no âmbito do projecto da Zona de Fruição Ribeirinha de Sejães, e Nuno Portal, director de sustentabilidade da empresa.
A área de lazer vai abrir ao público esta quinta-feira, funcionando de terça a domingo, entre as 10h00 e as 20h00, nos meses de Julho, Agosto e Setembro. A entrada nas piscinas vai ser paga e a sua utilização está limitada a um máximo de 300 pessoas.
Com um investimento de cerca de 1 milhão e 200 mil euros, o espaço inclui ainda um campo de voleibol de praia, um parque de merendas com capacidade para cerca de 200 pessoas sentadas, uma zona de geocaching e caminhos pedestres e cicláveis, estando previsto também um parque de campismo.
Piscinas não substituem praia fluvial, lamenta PEV
Neste dia inaugural, o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) fez questão de reforçar a ideia de que a obra é “uma clara adulteração ao Estudo de Impacte Ambiental da Barragem de Ribeiradio, que previa a reposição da praia fluvial que foi submersa com as águas da albufeira”.
“Tal como Os Verdes antecipadamente previam, a utilização das piscinas não será gratuita, penalizando as pessoas com menos recursos”, refere o PEV num comunicado enviado às redacções, acrescentando que “a autarquia prevê despesas elevadas com o funcionamento, para não referir os custos que irão ser despendidos com a manutenção a médio e longo prazo, custos estes muito superiores aos de uma praia fluvial”. O partido alerta que, sem a reposição desse espaço de lazer, “as pessoas vão continuar a aceder às águas da albufeira, por exemplo junto estrada submersa, sem que tenham as condições mínimas de segurança, aumentando a probabilidade de ocorrência de algum acidente”.
Os Verdes lembram que sempre se opuseram ao contrato celebrado entre a EDP, que dizem ter lesado a autarquia, os cidadãos e o interesse público. “A Câmara Municipal em vez de exigir que a EDP, detentora da empresa Greenvouga – Sociedade Gestora do Aproveitamento Hidroelétrico de Ribeiradio – Ermida, S.A., restabelecesse a praia fluvial em Sejães, tornou-se a empreiteira da EDP, assumindo todas as suas responsabilidades a troco de cerca de dois milhões de euros, levando a que a EDP poupasse milhões de euros, tal como se verificou com a Praia da Carriça e com o restabelecimento das ligações entre Sejães, Fornelo e Virela”, critica o partido.
Recorde-se que o PEV levou várias vezes o caso ao Parlamento, que em 2018 aprovou mesmo um projecto de resolução para a reposição de uma praia fluvial com características semelhantes à que existia. Na altura, o Presidente da Câmara de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira, afirmou ao Notícias de Vouzela que a eventual reposição da praia poderia ajudar a potenciar as infra-estruturas já criadas, desde que isso não acarretasse mais custos para o Município.