O concelho de Tondela tem a mais antiga inscrição de um colono romano em Portugal. A convicção é da directora do Centro de Estudos Arqueológicos da Universidade de Coimbra, Conceição Lopes, instituição que está a desenvolver um projecto para valorizar o espaço.
“O Castro de Três Rios, que para muitos não passa de um monte de pedras, é só a mais antiga inscrição de um colono romano existente em Portugal, o que só por si é bastante interessante, mas ainda por cima é um colono romano que faz uma dedicatória a uma divindade indígena, o que torna a inscrição ainda mais interessante”, defendeu a responsável na sexta-feira, na apresentação do evento “Que bicho é que nos mordeu”, citada pela agência Lusa.
Seis alunos de mestrado internacional de arqueologia e arquitectura e paisagismo estão a trabalhar há uma semana no monumento, situado na freguesia de Parada de Gonta, “no sentido de criar um grande projecto de valorização do sítio e, consequentemente, do território”, revelou Conceição Lopes, que sublinhou que o castro “tem uma relação profunda com a comunidade” e é um espaço “onde a comunidade se revê”.
O curso é coordenado pela Universidade de Coimbra, pela Universidade de Roma La Sapienza, em Itália, e pela Universidade Técnica de Atenas, na Grécia, e o objectivo é que naquele sítio venha a ser criada “uma escola de formação em arqueologia”.
“Estes são os primeiros seis alunos de muitos que se esperam. Em ligação com o Campo Arqueológico de Mértola, que instalou uma escola e tem todo o ‘know-how’ e toda a experiência de como se faz, e nós pretendemos, juntamente com a Câmara, fazer do Castro de Três Rios um sítio escola formação”, adiantou.
O vereador da Cultura da Câmara de Tondela, Pedro Adão, revelou que há meio ano que a autarquia está a trabalhar a hipótese de fazer um protocolo tripartido entre o município de Tondela, o Centro de Estudos de Arqueologia da Universidade de Coimbra, a Junta de Freguesia de Parada de Gonta e o Campo Arqueológico de Mértola, “que tem uma parte do conhecimento científico associado a esta questão”.