O mês de outubro é assinalado por duas efemérides: a 15 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde da Mama e a 30 de outubro o Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama. É no período compreendido entre estas datas que a Liga Portuguesa Contra o Cancro desenvolve o movimento “Onda Rosa” procurando incentivar à prevenção e diagnóstico precoce do cancro da mama.
A mobilização visa também a divulgação de dados preventivos e ressalta a importância de olhar com atenção para a saúde, além de lutar por direitos como o atendimento médico e o suporte emocional, garantindo um tratamento de qualidade.
O cancro da mama é um problema de saúde pública, apesar de não ser dos mais letais, tem uma alta incidência e uma alta mortalidade, sobretudo na mulher (apenas 1 em cada 100 cancros se desenvolvem no homem). Atualmente em Portugal com uma população feminina de 5 milhões, surgem 6000 novos casos de cancro da mama por ano, ou seja, 11 novos casos por dia, morrendo por dia 4 mulheres com esta doença.
A grande dificuldade em diminuir a prevalência dos fatores de risco para o cancro da mama justifica uma prevenção secundária, isto é, que sejam concretizados procedimentos e atitudes de um diagnóstico das lesões malignas o mais precoce possível. O autoexame, consultas médicas a cada seis meses, exames de rotina tais como mamografia e, quando adequado, ecografia, sobretudo a partir dos 40-45 anos, podem possibilitar o diagnóstico precoce, aumentando significativamente a possibilidade de cura.
São conhecidos alguns fatores de risco para o cancro da mama, muito associados aos estilos de vida e a características reprodutivas inerentes à vida moderna e ocidentalizada. De notar que há entre 5 a 10% dos cancros da mama diagnosticados que aparentam características genéticas e hereditárias que, caso sejam confirmadas, obrigam a um acompanhamento mais precoce e cuidadoso das famílias.
Não apresentar nenhum fator de risco do cancro da mama não deve ser encarado como o sinónimo de não se vir a desenvolver este carcinoma. Portanto, é importante estar atento aos primeiros sinais de alerta: qualquer alteração da mama ou mamilo, nódulo ou espessamento na mama ou na zona da axila, sensibilidade no mamilo, alteração do tamanho ou forma da mama, retração do mamilo (mamilo metido para dentro), alteração da cor da pele da mama, alteração na cor e/ou textura do mamilo, assim como a saída de líquido no mamilo sem razão que o justifique.
Com o Rastreio do Cancro da Mama pretende-se não só um diagnóstico precoce, descobrindo tumores muito pequenos, muitas vezes não palpáveis e só vistos em mamografia ou ecografia, ou em fase evolutiva não invasiva permitindo assim tratamentos menos mutilantes (cirurgia conservadora) e menos traumatizantes, promovendo uma melhor qualidade vida.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro, convoca todas as mulheres entre os 50 e 69 anos para fazerem mamografia na unidade móvel a cada 2 anos.
Mulheres que tenham risco aumentado para ter cancro da mama, devem consultar o médico para saber qual a frequência com que devem efetuar a mamografia.
Para que este projeto tenha repercussões positivas, é cada vez mais importante o empenho da população, com maior participação das mulheres convocadas, permitindo assim o diagnóstico de centenas de cancros em fase inicial e, consequentemente, curáveis ou controláveis.
Neste contexto, em que todas as atenções estão direcionadas para a pandemia COVID-19, é de primordial importância não descurar a vigilância e consultar a equipa de família, caso seja detetada alguma alteração na mama.
Ana Isabel Bandeira
Unidade de Cuidados na Comunidade de Lafões