Os resultados dos censos vieram confirmar o que se antevia. Os concelhos do distrito de Viseu não conseguem fixar nem atrair população jovem, seja pela fraca relação emprego qualificável-remuneração, seja pela falta de oferta no mercado imobiliário. Esta realidade com que nos deparamos, não é, obviamente, problema exclusivo da população jovem. A perda de população acompanha a tendência nacional.
As propostas que saliento no artigo para contrariar este problema não são novas, de todo. Aliás, já foram apresentadas por vários decisores políticos, e aqui evidencio o papel do governo, que desde o primeiro minuto afirmou querer combater este problema, apresentando desde logo propostas sólidas neste sentido, como o 1.º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação.
O problema da habitação é por estes dias, objeto de amplo debate, contudo, importa reforçar que a minha geração, bem como as que se seguirão, são das mais afetadas por esta questão. O problema não é a falta de habitação, mas sim o estado de degradação ou o elevado preço, seja para arrendar ou comprar, estejam elas localizadas nos centros urbanos ou nas freguesias limítrofes, onde, embora os preços sejam um pouco mais baixos, continuam, na minha ótica, excessivos para jovens em início de carreira que procuram iniciar a sua independência social.
Pelas razões acima referidas, grande parte dos jovens, quando procuram comprar casa, rapidamente desistem, acabando por adiar a sua emancipação.
Apesar deste problema não se refletir apenas nos concelhos de Lafões, importa agir localmente e o quanto antes, para não acentuar ainda mais as desigualdades já existentes. É imperativo que os municípios atuem no presente, regulando o preço da habitação jovem, transformando habitações devolutas e degradadas de forma a aumentar a oferta e colocá-las no mercado de arrendamento.
Os próximos anos serão de investimento, urge assim que sejam criados planos para desenvolver a nossa Região, sendo a habitação uma das questões centrais que precisa de medidas para contrariar o atual rumo deste setor e de alguém que as consiga efetivar. A decisão de aderir ao programa 1º Direito, através da Estratégia Local de Habitação (ELH), no qual estão previstos investimentos de vários milhões de
euros, é um passo decisivo para os municípios lafonenses.
João Metelo de Figueiredo*
*Consultor de Projetos de Investimento,
especialista em Sistemas de Incentivos
do Setor Público e Empresarial