VOUZELA, 17 de Fevereiro de 2025
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Opinião: Esta Escola Não É Para Frac@s

28 de Novembro 2021

O bullying é uma realidade penosa e muito atual na generalidade das nossas escolas. Esta realidade traduz-se num conjunto diversificado de consequências físicas, psicológicas e sociais quer nos agressores, quer nas vítimas. O bullying é uma subcategoria bem delimitada do comportamento agressivo, que se caracteriza, fundamentalmente, pela repetitividade e assimetria de forças. É portanto, um comportamento agressivo e persistente, com a intenção de causar dano físico ou psicológico em um ou mais estudantes que são percebidos como mais frac@s e incapazes de se defenderem.

Os diferentes estudos identificam três perfis de agentes no contexto de bullying: os agressores, as vítimas e as vítimas/agressores. O agressor é habitualmente a criança ou adolescente que age de forma agressiva contra um colega que é supostamente mais fraco, com a intenção de humilhar e prejudicar, sem, a maior parte das vezes, ter havido qualquer tipo de provocação por parte da vítima. O agressor, frequentemente, vê a sua agressividade como uma qualidade, tem opiniões positivas sobre si mesmo e geralmente é bem aceite pel@s colegas. Sente prazer e satisfação em dominar, controlar e causar dano nos outros e, geralmente, é mais forte que a vítima. Já as vítimas são crianças ou adolescentes repetidamente expost@s a ações agressivas de outras crianças que têm a intenção de as magoar, e isso geralmente envolve diferença de força, tanto real, como percebida. As vítimas apresentam, normalmente, um comportamento social inibido, passivo ou submisso. Estes adolescentes costumam sentir vulnerabilidade, medo ou vergonha intensos e uma autoestima cada vez mais baixa, aumentando a probabilidade de vitimização continuada. Algumas crianças podem ser tanto vítimas como agressores e são denominadas de vítima/agressor. Estas crianças, habitualmente, apresentam uma combinação de baixa autoestima, comportamentos agressivos e provocadores, bem como alterações psicológicas, merecendo, por isso, uma atenção especial. Podem ser depressivas, ansiosas, inseguras e desadequadas, procurando humilhar os colegas para encobrir as suas limitações. As vítimas/agressores têm uma maior probabilidade de apresentar sérios problemas de comportamento externalizado e são, em grande frequência, maltratadas pelos seus pares. Experienciam dificuldades com o comportamento impulsivo, reatividade emocional e hiperatividade. Diferenciam-se das vítimas típicas por serem impopulares e pelo alto índice de rejeição entre os colegas.

A redução da prevalência de bullying nas escolas pode ser uma medida de saúde pública altamente efetiva para o século XXI. E neste sentido, qual o papel esperado para a Escola? Ser o reprodutor dos modelos sociais vigentes, de uma sociedade cada vez mais violenta, com diferenças mais marcadas entre dominadores e subjugados? Ou um espaço de mudança de valores sociais? Quer-se uma Escola que prepare os seus alunos para se posicionarem como vítimas ou agressores, numa sociedade hostil? Ou ambiciona-se uma escola centrada na disseminação de culturas de cidadania inclusiva, assentes na interdependência e na compaixão?

 

Pedro Laja, PhD – Psicólogo AEVouzela

*Síntese de um artigo apresentado no Jornal “Lápis Escritor” do AEVouzela


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