A ameixeira, também chamada de ameixoeira ou ameixieira, é muito cultivada em todo o país pelos seus frutos, as ameixas, estando também representada na toponímia nacional, de que é exemplo a localidade de Ameixas, na União das Freguesias de Vouzela e Paços de Vilharigues. Contudo, “ameixeira” é um nome genérico dado a várias espécies de fruteiras e seus híbridos, das quais duas são muito cultivadas em Portugal: a ameixeira-europeia (Prunus domestica) e a ameixeira-japonesa (Prunus salicina).
A ameixeira-europeia é uma pequena árvore de folha caduca, também chamada de abrunheiro-manso ou simplesmente abrunheiro, originária do Oeste da Ásia, à volta do Mar Negro e Cáspio. Estudos recentes sugerem que se trata de um híbrido entre o abrunheiro-bravo e a espécie Prunus cerasifera, a ameixeira-de-jardim, plantada como ornamental. Cultivada há muitos milénios, pensa-se que terão sido os romanos a trazê-la para a Península Ibérica, embora alguns autores defendam que foi trazida há mais tempo por outros povos europeus. Os ramos desta espécie tendem a ser dirigidos para cima e a casca é lisa. Floresce em finais de março e abril, produzindo frutos ovais ou pequenos e globosos, dependendo da variedade, que amadurecem em meados do Verão. Estas ameixas, ricas em açúcares e pobres em água, são consumidas em fresco, desidratadas ou usadas em confeitaria.
A ameixeira-japonesa é originária da China, embora tenha sido a partir do Japão que a sua cultura se espalhou pelo mundo, tendo chegado à Europa há cerca de 150 anos. Esta é a ameixeira que produz a maior parte das ameixas que se comercializam para consumo em fresco. Ao contrário da ameixeira-europeia, a casca é rugosa e a copa tende a alargar mais, com alguns ramos pendentes. Floresce também mais cedo, no início de março, produzindo ameixas grandes, esféricas ou ligeiramente cónicas, que amadurecem ao longo do Verão consoante a variedade.
Apesar das diferenças anteriormente referidas, ambas as espécies também apresentam semelhanças. Tal como muitas outras fruteiras de “caroço”, as suas folhas e sementes contêm compostos que produzem ácido cianídrico quando são esmagadas, originando um característico odor a amêndoa. Contudo, as folhas de ameixeira são uma das fontes de alimento da larva da borboleta-zebra, uma das maiores borboletas que ocorrem em Portugal. Também as suas flores são visitadas por um cortejo de insetos, incluindo várias espécies de abelhas, moscas e borboletas. E não surpreendentemente, as ameixas também são apreciadas pela fauna selvagem, desde aves que debicam a polpa até mamíferos e insetos que se deleitam com os açúcares das ameixas maduras.
José Costa & António Carmo Gouveia*
*Texto escrito no âmbito do consórcio F4F – Forest for Future do serQ, projeto PP20, coordenado pelo Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e pela Vouzelar, cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do FSE.