A The Navigator Company acaba de estabelecer um protocolo de colaboração com a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), uma das maiores entidades representante dos apicultores portugueses que tem filiadas diversas organizações no país, incluindo associações, cooperativas e agrupamentos de produtores.
Esta parceria pretende conciliar a gestão florestal com a operacionalidade da apicultura, potenciando a qualidade do pólen e do mel, contribuindo assim para a defesa, proteção e desenvolvimento da atividade apícola, enquanto se desenvolve uma gestão florestal eficiente e sustentável.
Sendo uma prática de elevada importância nos ecossistemas florestais, nomeadamente pelo benefício que é fornecido pela polinização e que cumpre um papel regulador importante como serviço do ecossistema, é possível valorizar, através da atividade apícola, produtos florestais não lenhosos como é o caso do mel, do pólen e da própolis.
As abelhas e o seu contributo no equilíbrio do ecossistema
Entre todos os polinizadores, as abelhas são responsáveis por cerca de 80% da polinização dos alimentos disponíveis para o Homem e para os animais. Têm, por isso, um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema, já que sem elas não existiriam grande parte dos produtos agrícolas necessários para consumo humano e para alimentar os animais, tais como frutos, cereais e produtos hortícolas. Além disso, as abelhas são, também, enquanto agentes polinizadores, responsáveis por garantir a conservação da biodiversidade.
As abelhas estão entre as espécies que se encontram em risco de extinção na Europa e os fatores que podem contribuir para esta realidade são a poluição, a degradação de habitats, a utilização de alguns pesticidas e, também, as alterações climáticas.
Sabendo que a manutenção da apicultura contribui para uma maior presença humana nas florestas, assegurando uma maior vigilância desses espaços e valorizando o envolvimento com as comunidades e associações locais, a The Navigator Company decidiu avançar com esta parceria como forma de ajudar na defesa, na proteção e no desenvolvimento da apicultura em Portugal, através da entidade que representa o setor.
Neste sentido, a The Navigator Company cede à FNAP, a título temporário e gratuito, parcelas que integram o património florestal do Grupo para que os apicultores inscritos nas associadas da FNAP possam aí proceder à instalação de apiários e desenvolver a sua atividade.
Além do cumprimento da legislação aplicável relacionada com a floresta, a The Navigator Company garante, através desta parceria, que a zona de colocação dos apiários, assim como as zonas de acesso, é mantida limpa dos sobrantes resultantes da sua atividade silvícola, garantindo também, a correta formação dos seus técnicos e operadores florestais que frequentam a zona para realização de trabalhos nas imediações dos apiários, de forma a promover a sua segurança.
A Empresa promove, ainda, a gestão das parcelas para renovação de pastagens, eliminação de restolho e gestão de massas combustíveis, recorrendo a práticas sustentáveis físicas e mecânicas, sem prejuízo para o pastoreio apícola.
Nas florestas sob gestão da The Navigator Company estão, atualmente, identificadas 235 espécies de fauna e 740 espécies de flora, incluindo várias espécies protegidas e endémicas, número que tem vindo a aumentar, contrariando a tendência mundial em que o número de espécies protegidas está a diminuir. Estas espécies são, ainda, alvo de monitorização regular, sobretudo as que apresentam estatuto de conservação “em perigo”, assegurando assim a sua proteção.
Importância dos eucaliptais na atividade apícola
Tiago Moreira, técnico da APICAVE – Associação dos Apicultores entre o Cávado e o Ave, uma organização associada da FNAP, considera que os eucaliptais desempenham um papel importante na atividade apícola, conforme explica: “quando atinge a idade de floração, o eucalipto produz flor em abundância que, muitas vezes, é das poucas florações existentes nessa altura do ano. Para além disso, o néctar recolhido pelas abelhas na flor do eucalipto apresenta características distintas dos demais méis, características essas que são muito valorizadas por alguns segmentos de mercado”.
Segundo o especialista, “na atividade apícola, o aproveitamento do eucaliptal pelos apicultores poderá ser enquadrado num plano de transumância, onde o facto de apresentarem floração invernal tem grande interesse, já que para além de poderem realizar uma produção de mel de inverno, poderão ainda utilizar esta fase e esta floração como estímulo e preparação das colónias para as florações de primavera”.
Na produção de mel, o eucalipto apresenta, também, vantagens em comparação com outras espécies florestais, já que nas áreas de eucalipto os apicultores conseguem, de acordo com Tiago Moreira, “produzir um mel que, em muitos casos, será considerado monofloral, uma vez que o eucalipto floresce numa época do ano em que, normalmente, constitui a única floração”. Além disso, “o facto de ser um mel que apenas pode ser produzido em regiões específicas do território, permite valorizá-lo, beneficiando o apicultor da vantagem de que o mel de eucalipto é um mel muito consensual e de grande aceitação junto dos consumidores”, acrescenta.
O mel com origem no néctar das flores de eucalipto é conhecido pelo seu sabor agradável a mentol, pela sua tonalidade acastanhada e pelas suas propriedades peitorais e balsâmicas. É produzido pela abelha Apis Mellifera, tem uma ação expectorante e é, de todos os tipos de mel, o mais indicado para aliviar as dores de garganta, a tosse, os sintomas da sinusite e da gripe, dado que algumas bactérias causadoras dessas doenças são sensíveis à ação do mel (por exemplo, a Haemophilus influenzae, responsável pela sinusite, e as Klebsiella pneumoniae e Streptococcus pneumoniae, causadoras da pneumonia).