A colecção automóvel do Museu do Caramulo foi reforçada com um Maybach SW42, “exemplar único em Portugal”, anunciou esta quarta-feira a entidade.
O carro, fabricado em 1941, é um exemplo dos modelos que permitiram à marca alemã dominar a indústria de luxo do sector daquele país entre 1921 e 1941.
O primeiro Maybach SW42 saiu da fábrica em 1939, já após o início da Segunda Guerra Mundial. O chassis era construído pela Maybach e as carroçarias fornecidas por outras empresas, como a Glass, Spohn ou até a Sodomka, na actual República Checa.
“Independentemente de quem produzia as carroçarias, os interiores do Maybach 42 utilizavam sempre materiais de alta qualidade, especialmente os construídos por Spohn, que já apresentavam janelas operadas electricamente”, nota a entidade. O luxo que caracterizava estes carros permitiu-lhes competir com marcas como a Rolls-Royce e a Bentley.
O Maybach SW42 agora patente no Museu do Caramulo tem 140 cavalos, seis cilindros e 4199 cc, podendo atingir 159km/h. Uma das suas particularidades é a cilindrada do motor, cuja taxa de compressão foi reduzida para 6,6:1, em vez dos 8:1 do modelo SW38, por exemplo. Esta alteração deveu-se à falta de combustível de melhor qualidade, que era essencial ao “esforço de guerra” do exército alemão. Pelo mesmo motivo, também os carburadores foram modificados, para queimar o combustível de menor qualidade.
Primeira Guerra mudou o rumo da empresa
A origem dos Maybach remonta a 1909, quando Wilhelm Maybach renunciou ao cargo de director técnico da Daimler, na Alemanha, e fundou a empresa Luftfahrzeug-Motorenbau GmbH, que se especializou na produção de motores para comboios e dirigíveis, os famosos Zeppelin.
Após a Primeira Guerra Mundial, o Tratado de Versalhes ditou que as empresas alemãs ficaram proibidas de fabricar motores aeronáuticos, pelo que a firma teve de que adaptar. O filho do fundador, Karl, assumiu a direcção da entidade e esta passou a chamar-se de Maybach-Motorenbau GmbH, iniciando a produção de motores para automóveis.
O primeiro carro da marca, o Maybach W.3, foi lançado em 1921 e apresentado no Salão de Berlim desse ano. Era um dos veículos mais caros do mercado alemão e deu início a esse período de ouro, em que a marca dominou o mercado dos modelos de luxo na Alemanha.
“É essa herança, ligada ao luxo e exclusividade, que associamos à marca até aos dias de hoje”, sublinha o Museu do Caramulo. Ao todo, foram fabricados mais de 600 modelos SW, nas versões coupé, cabriolet e limousine. O último carro construído sobre um chassis SW42 terá sido na Erdmann & Rossi, em Berlim, no ano de 1949, e destinava-se a um oficial da Alemanha Oriental.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a Maybach não voltou à produção automóvel, sendo adquirida em 1960 pela Daimler, que fez renascer a marca no final do século XX.
Em 2016, a Mercedes optou por atribuir ao seu segmento de ultra-luxo a designação Mercedes-Maybach, face aos elevados custos financeiros e reduzido sucesso de vendas como marca própria.