A Fibrilhação Auricular (FA) é a alteração do ritmo cardíaco (arritmia) mais frequente em Portugal, com uma prevalência estimada de 2,5% na população portuguesa com idade igual ou superior a 40 anos. Apesar de ter sido descoberta há mais de 100 anos, um terço dos doentes com FA desconhece ter esta arritmia.
A FA está associada a um risco cinco vezes superior de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico, três vezes de insuficiência cardíaca e duas vezes de demência.
O diagnóstico precoce da FA e o seu tratamento atempado são fundamentais para a prevenção destas complicações.
O envelhecimento da população é um fator chave para a “epidemia” da FA uma vez que a sua a prevalência aumenta com a idade. Outros fatores de risco relevantes e modificáveis incluem o sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial e a apneia obstrutiva do sono.
Os doentes com FA podem não ter queixas. Os principais sintomas da doença são as palpitações, a falta de ar, as tonturas e a intolerância ao esforço. Um pulso irregular pode levantar a suspeita de FA, mas para o seu diagnóstico é necessário realizar um eletrocardiograma (ECG). Em algumas situações, poderá ainda ser necessário realizar um registo eletrocardiográfico prolongado (Holter).
Globalmente, os objetivos da terapêutica são melhorar os sintomas, controlar a frequência e o ritmo cardíaco, prevenir o AVC e a insuficiência cardíaca, reduzindo a mortalidade.
Uma das linhas de tratamento mais importantes está relacionada com a complicação mais grave da FA, que consiste na formação de coágulos que podem atingir o cérebro e causar AVC. Assim, a maioria dos doentes com FA tem indicação para terapêutica anticoagulante oral. Nesta área têm surgido novos medicamentos, que em comparação com a terapêutica clássica, apresentam vantagens na redução da incidência da hemorragia cerebral, não são influenciados pelos alimentos e não necessitam de controlo periódico.
A melhor forma de prevenir a FA é a adoção de estilos de vida saudáveis. Uma vez que a FA está associada a um provável subdiagnóstico, realça-se a importância de consultas regulares, sobretudo com o aumento da idade. Não descure a sua saúde, procure aconselhamento com o seu médico de família.
Ana Filipa Sousa, Inês Coelho – USF Grão Vasco