Seja criativo! O mote, lançado pelo festival CriativArte, incentivou várias pessoas a dar asas à imaginação, fazendo arte a partir de casa. O evento estava previsto para o dia 22 de Março, mas teve de ser suspenso devido ao surto de coronavírus. Nada que desmobilizasse a organização nem o público, que mostrou todo o seu talento: criou as mais variadas peças e protagonizou diversos momentos culturais. O resultado pode agora ser visto online.
Susana Ferreira e a filha, Gabriela, produziram colares de diversas cores, versáteis e apelativos, dando nova vida a tecidos menos usados ou esquecidos num canto da casa. Os adereços são laváveis à mão ou à máquina e podem ser usados por mulheres e meninas.
Inês Barge, por seu lado, optou por construir uma tela com mandala – a famosa representação geométrica da dinâmica relação entre o Homem e o Universo – e patchwork embutido, técnica que consiste em unir tecidos de diferentes formatos. O resultado é um belo e colorido quadro, que chama a atenção em qualquer sala de exposições.
E se as redes sociais também servem para ensinar, Carlos Cruchinho fê-lo de maneira divertida, protagonizando um
vídeo no qual interpreta um mimo que dá conselhos úteis, como lavar bem as mãos, não tocar na cara ou, mais importante, ficar em casa, “porque essa batalha, vamos vencê-la todos juntos”.
As obras ganharam forma ao longo dos dias de isolamento a que estes criadores foram sujeitos, assim como muitos portugueses. O Município de Oliveira de Frades, que organiza o CriativArte, sugeriu a reinvenção do festival a partir de casa, apelando à comunidade para partilhar imagens, vídeos ou textos, “vivendo, assim, uma edição virtual deste evento”. Com esse “espírito de arte e partilha”, notava a autarquia, “mais facilmente conseguiremos ultrapassar este momento de grande dificuldade para a humanidade”.
Nalguns casos, foi o despertar do espírito criativo. Noutros, o continuar de uma paixão antiga. Foi o que aconteceu com Susana Ferreira, conhecida pelo talento para a pintura e que, ultimamente, partilhou imagens de simples mas incríveis trabalhos, feitos apenas com aguarela e uma escova de dentes velha. No ano passado, alguns dos seus quadros estiveram em exposição no museu municipal, num evento solidário, em que 30% do valor de cada obra vendida reverteu para a Banda de Música de Oliveira de Frades.
Edna Figueiredo e Luísa Rodrigues, outras duas participantes, protagonizaram um agradável momento de dança, ao passo que Sandra Marques deu largas à imaginação e, com muito talento, construiu peluches de amigurumi, técnica japonesa à base de croché. O resultado são aprazíveis bonecos, diferentes do padrão habitual, e com um valor difícil de quantificar.
A arte é, como se vê, muito mais do que um passatempo, mais ainda se for partilhada. “É também neste espírito de arte e partilha que mais facilmente conseguiremos ultrapassar este momento de grande dificuldade para a humanidade”, conclui a autarquia de Oliveira de Frades.