A Biblioteca Municipal de Castro Daire vai receber no próximo dia 24 de Outubro o evento “Da Serra para a Fábrica”, que culmina mais de dois anos de investigação sobre as migrações deste concelho para Lisboa ao longo do século XX. O projecto focou-se na saída de pessoas residentes na Serra do Montemuro para a zona oriental de Lisboa, onde hoje se situa a freguesia de Marvila, para trabalhar em fábricas, armazéns, na estiva, em pequenas mercearias e em tantos outros ofícios.

“Estas famílias inicialmente viveram quase todas em bairros informais, autênticas aldeias beirãs na cidade e posteriormente rumaram para apartamentos, ou por via da sua associação a cooperativas de habitação como a do bairro da PRODAC, ou porque simplesmente conseguiram amealhar o suficiente para comprar uma casa mais condigna. Passaram décadas. Muitos ficaram, outros regressaram à terra, quase todos acabaram por formar uma condição intermédia: a de castrense alfacinha”, sublinha a autarquia de Castro Daire.

“Da Serra para a Fábrica” integra o Europa Criativa “Onde a cidade perde o seu nome” e vai ter três momentos, a começar por uma performance/tertúlia audiovisual e participativa com a presença de antigos habitantes castrenses em Marvila, com textos escritos e lidos pelo presidente da associação Binaural/Nodar, Luís Costa, e com vídeo da artista americana Maile Colbert.

O programa, com início às 17h00, prevê também uma comunicação online entre as comunidades que participaram no projecto europeu em Castro Daire, L’Hospitalet de Llobregat (Catalunha, Espanha) e Cluj-Napoca (Roménia), incluindo uma partilha de receitas gastronómicas dos três territórios.

Um terceiro momento é a exposição retrospectiva de objectos, fotografias, paisagens sonoras e registos audiovisuais, curada por Luís Costa, Liliana Silva e Marta Carvalhal, que vai estar patente na Biblioteca Municipal de Castro Daire até final de Novembro.