Eram para cima de centena e meia de peregrinos que acorreram, uma vez mais, ao nicho do santuário mariano de Nossa Senhora de Adside. Nunca tinha visto tantos numa sala enorme, quente e recheada que a todos acolhe com simpatia e cortesia. Nem todos vão com os mesmos propósitos. A uns chama-os o hábito de acorrer ao chamamento da Virgem Mãe de Deus, outros pensam mais nos rojões como só ali se fazem, nas carolas que muitos nem sabem o que são, nos bolos e doces que só muito raramente se provavam quando a meninice mais os apetecia, outros mais querem ver os amigos de longa data, outros correm atrás das saudades. Saudade da vida, das corridas atrás das cabras e das ovelhas, saudades do arco de forqueta, da bola de trapos, saudade dos sabores que a memória teima em guardar mas que a matéria prima hoje bem diferente teima em baralhar. A maioria dos peregrinos são já do século passado, a alguns pesam-
Uma crónica de António Vinhal para ler na edição desta semana do Notícias de Vouzela.